Memórias de um cárcere - um conto? (Created and written By Nizi Silveira).
NOTA- Sim, uma nova criação. Enjoy it.
Trancafiado num contêiner de acrílico transparente. Acima dele, vejo o verso de uma placa, cujos dizeres, que obviamente não consigo observar, causam extremo espanto e curiosidade nos passantes. Espanto e curiosidade que, lá fora, são aguçados por um anunciante posicionado sobre um pequeno banco, trajado com indumentária espalhafatosa, que me divulga aos brados num microfone, provavelmente repetindo os dizeres da placa à multidão já assombrada. Bem, é difícil dizer: não o escuto, e vejo somente as suas costas.
Dão-me de comer três vezes ao dia. Funcionários sempre calados aproximam-se cautelosamente, como se submetidos a perigo iminente. Tenho uma modesta e confortável cama, uma rústica estante, um pequeno televisor, que raramente ligo, um precioso rádio, um antigo relógio, e um calendário, que me é de pouca valia, já que tudo parece sempre tão igual quando visto daqui de dentro. Proporcionam-me também cigarros e livros; estes, contemplam com incompreensão, e depositam com mãos trêmulas, através de uma estreita fenda retangular, localizada no canto inferior direito do contêiner.
Sim, sou espetáculo - e por razões pelas quais só podia conjecturar. Aqui, passo a maior parte de meu tempo lendo, ou escutando algo barulhento. Avós lançam-me olhares nostálgicos, mães, olhares temerosos, e, as jovens, de repúdio ou troça.
Meus descansos vespertinos são interrompidos bruscamente com freqüência. Há sempre um “freguês” insatisfeito, alguém cutucando ou esmurrando as paredes esperando ver-me pulando, dançando. Em vão: não sinto vontade de aparecer.
Partem sempre cabisbaixos, decepcionados – mas sempre, sempre voltam.
Às noites de sábado, deixo-lhes alvoroçados. Uma vez aberto à visitação, os funcionários me presenteiam com tonéis de bebida alcoólica, descidos através de roldanas no teto. A imensa multidão que se aglomera quase sempre tem suas expectativas frustradas, pois raramente bebo além de meus limites; permaneço sóbrio na maioria das vezes. Muitos então, encolerizados, rasgam seus ingressos. Vejo lábios carregados de ofensas. Cospem, jogam lixo contra as paredes de minha pequena morada; fazem gestos obscenos. Minha total indiferença para com eles só os escarnece ainda mais.
Contudo, foi num destes dias turbulentos que obtive a resposta, a solução, há muito almejada, para o meu enigma. Certa vez, terminado o “espetáculo”, a multidão enfurecida e desapontada foi retirada à força, tal como em tantas outras ocasiões. As luzes foram apagadas, e me vi sozinho. Porém, não no mesmo contêiner.
O violento atrito de uma garrafa de cerveja fizera um buraco em uma de suas paredes, algo que passou despercebido aos olhos dos funcionários. Passei horas na escuridão expandindo-o, até que, enfim, produzi uma abertura de tamanho suficiente à minha saída.
Lá fora, na penumbra, meus passos eram lentos, incertos; hesitantes. Apalpei às cegas as paredes por bons minutos, até encontrar um interruptor. Ao apertar o botão, eis que aparece a resposta, a solução, num letreiro cunhado em ferro, que nunca havia visto de frente. Caracteres gigantescos e reluzentes que piscavam intermitentemente:
“O HOMEM MENOS IDIOTA DO MUNDO!”
E tudo fez sentido.
Se fugi? Não. Ainda que subitamente tomado da ânsia por liberdade, resignei-me. Ainda que vendo e conhecendo o mundo meramente através de paredes transparentes, outrora intransponíveis, a crueldade e as atitudes estranhas daquelas criaturas primitivas e peculiares que observo de rabo de olho há tanto tempo, eliminaram em mim qualquer resquício de curiosidade em relação ao mundo exterior. E, pensando melhor, a vida aqui dentro não difere muito da vida lá fora. Aqui, apenas vejo seus lábios tremularem; não os escuto. Lá fora, os escutaria, mas eles nada me diriam.
Permanece viva em mim a sensação que tive durante aqueles poucos minutos de liberdade conquistados e desfrutados naquele dia: uma paz tardia, mas reparadora.
Status – Com falta djár, e em semana de prova. Where’s Pimpa? C-su1000, Pimpa!Ausente do blog por uns tempos.
Lendo – “Stalin” (Jean Jacques-Marie). Faltando dois míseros capítulos.
Recomendado – Sim, mais um incrível episódio de “Arquivos extraterrestres”, this time, here in Brazil:
http://www.youtube.com/watch?v=IkY4hSPPjYg
Recomendado – Funny stuff (double edition). Primeiramente, ressuscitarei um clássico do Youtube, que fará “Blondie” masturbar-se o dia inteiro, com toda certeza:
http://www.youtube.com/watch?v=MsdnufGPG1A
...e, o segundo. Rá, rá:
http://www.youtube.com/watch?v=TXYbf8iAE3c
Escutando – It’s mix’o clock, bitch:
Novo clipe, novo single:
http://www.youtube.com/watch?v=UArZqdKjQoo
From their latest album:
http://www.youtube.com/watch?v=pxHVleVA8OM
Uma manjada baladinha pop-rock:
http://www.youtube.com/watch?v=1cQh1ccqu8M
...e concluirei com uma farofada dos anos 2000:
http://www.youtube.com/watch?v=tkw4jhDE1eQ
PS - Idéia para atualização de perfil do Orkut:
About you: Esperto demais para este País. Legal demais para este mundo (By Nizi Silveira).
PS – Páscoa? Passa na D-Paschoal! (By N.S)
PS – “Na páscoa, sexta-feira da paixão converge quase sempre em sexta-feira do peixão” – extraído de “The big book of little stupid religious jokes and comments”, by Nizi Silveira.
PS – Pergunto: seria o blue-ray o Betamax/Disc-laser do século XXI?
PS – Menina bonitinha de vinte e poucos anos, que leia, não seja vazia, volúvel, fútil, superficial, tenha personalidade e opiniões próprias, não caia no papo de qualquer imbecil de boate, não ande com baianada e não aja feito puta.
(... e dizem que eu não tenho imaginação...)
Trancafiado num contêiner de acrílico transparente. Acima dele, vejo o verso de uma placa, cujos dizeres, que obviamente não consigo observar, causam extremo espanto e curiosidade nos passantes. Espanto e curiosidade que, lá fora, são aguçados por um anunciante posicionado sobre um pequeno banco, trajado com indumentária espalhafatosa, que me divulga aos brados num microfone, provavelmente repetindo os dizeres da placa à multidão já assombrada. Bem, é difícil dizer: não o escuto, e vejo somente as suas costas.
Dão-me de comer três vezes ao dia. Funcionários sempre calados aproximam-se cautelosamente, como se submetidos a perigo iminente. Tenho uma modesta e confortável cama, uma rústica estante, um pequeno televisor, que raramente ligo, um precioso rádio, um antigo relógio, e um calendário, que me é de pouca valia, já que tudo parece sempre tão igual quando visto daqui de dentro. Proporcionam-me também cigarros e livros; estes, contemplam com incompreensão, e depositam com mãos trêmulas, através de uma estreita fenda retangular, localizada no canto inferior direito do contêiner.
Sim, sou espetáculo - e por razões pelas quais só podia conjecturar. Aqui, passo a maior parte de meu tempo lendo, ou escutando algo barulhento. Avós lançam-me olhares nostálgicos, mães, olhares temerosos, e, as jovens, de repúdio ou troça.
Meus descansos vespertinos são interrompidos bruscamente com freqüência. Há sempre um “freguês” insatisfeito, alguém cutucando ou esmurrando as paredes esperando ver-me pulando, dançando. Em vão: não sinto vontade de aparecer.
Partem sempre cabisbaixos, decepcionados – mas sempre, sempre voltam.
Às noites de sábado, deixo-lhes alvoroçados. Uma vez aberto à visitação, os funcionários me presenteiam com tonéis de bebida alcoólica, descidos através de roldanas no teto. A imensa multidão que se aglomera quase sempre tem suas expectativas frustradas, pois raramente bebo além de meus limites; permaneço sóbrio na maioria das vezes. Muitos então, encolerizados, rasgam seus ingressos. Vejo lábios carregados de ofensas. Cospem, jogam lixo contra as paredes de minha pequena morada; fazem gestos obscenos. Minha total indiferença para com eles só os escarnece ainda mais.
Contudo, foi num destes dias turbulentos que obtive a resposta, a solução, há muito almejada, para o meu enigma. Certa vez, terminado o “espetáculo”, a multidão enfurecida e desapontada foi retirada à força, tal como em tantas outras ocasiões. As luzes foram apagadas, e me vi sozinho. Porém, não no mesmo contêiner.
O violento atrito de uma garrafa de cerveja fizera um buraco em uma de suas paredes, algo que passou despercebido aos olhos dos funcionários. Passei horas na escuridão expandindo-o, até que, enfim, produzi uma abertura de tamanho suficiente à minha saída.
Lá fora, na penumbra, meus passos eram lentos, incertos; hesitantes. Apalpei às cegas as paredes por bons minutos, até encontrar um interruptor. Ao apertar o botão, eis que aparece a resposta, a solução, num letreiro cunhado em ferro, que nunca havia visto de frente. Caracteres gigantescos e reluzentes que piscavam intermitentemente:
“O HOMEM MENOS IDIOTA DO MUNDO!”
E tudo fez sentido.
Se fugi? Não. Ainda que subitamente tomado da ânsia por liberdade, resignei-me. Ainda que vendo e conhecendo o mundo meramente através de paredes transparentes, outrora intransponíveis, a crueldade e as atitudes estranhas daquelas criaturas primitivas e peculiares que observo de rabo de olho há tanto tempo, eliminaram em mim qualquer resquício de curiosidade em relação ao mundo exterior. E, pensando melhor, a vida aqui dentro não difere muito da vida lá fora. Aqui, apenas vejo seus lábios tremularem; não os escuto. Lá fora, os escutaria, mas eles nada me diriam.
Permanece viva em mim a sensação que tive durante aqueles poucos minutos de liberdade conquistados e desfrutados naquele dia: uma paz tardia, mas reparadora.
Status – Com falta djár, e em semana de prova. Where’s Pimpa? C-su1000, Pimpa!Ausente do blog por uns tempos.
Lendo – “Stalin” (Jean Jacques-Marie). Faltando dois míseros capítulos.
Recomendado – Sim, mais um incrível episódio de “Arquivos extraterrestres”, this time, here in Brazil:
http://www.youtube.com/watch?v=IkY4hSPPjYg
Recomendado – Funny stuff (double edition). Primeiramente, ressuscitarei um clássico do Youtube, que fará “Blondie” masturbar-se o dia inteiro, com toda certeza:
http://www.youtube.com/watch?v=MsdnufGPG1A
...e, o segundo. Rá, rá:
http://www.youtube.com/watch?v=TXYbf8iAE3c
Escutando – It’s mix’o clock, bitch:
Novo clipe, novo single:
http://www.youtube.com/watch?v=UArZqdKjQoo
From their latest album:
http://www.youtube.com/watch?v=pxHVleVA8OM
Uma manjada baladinha pop-rock:
http://www.youtube.com/watch?v=1cQh1ccqu8M
...e concluirei com uma farofada dos anos 2000:
http://www.youtube.com/watch?v=tkw4jhDE1eQ
PS - Idéia para atualização de perfil do Orkut:
About you: Esperto demais para este País. Legal demais para este mundo (By Nizi Silveira).
PS – Páscoa? Passa na D-Paschoal! (By N.S)
PS – “Na páscoa, sexta-feira da paixão converge quase sempre em sexta-feira do peixão” – extraído de “The big book of little stupid religious jokes and comments”, by Nizi Silveira.
PS – Pergunto: seria o blue-ray o Betamax/Disc-laser do século XXI?
PS – Menina bonitinha de vinte e poucos anos, que leia, não seja vazia, volúvel, fútil, superficial, tenha personalidade e opiniões próprias, não caia no papo de qualquer imbecil de boate, não ande com baianada e não aja feito puta.
(... e dizem que eu não tenho imaginação...)
1 Comments:
Um tema - masculinidade.
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