terça-feira, agosto 09, 2011

O imperfeito futuro do pretérito - a nonsense tale (Created and written By Nizi Silveira).



No exato momento em que morreu, em 15 de abril de 2011, nascia como um líder tribal na Polinésia de 5.600 A.C, era escravo na Túnis de 2.007 A.C, Imperador na Roma de 23 A.C. Seria tomado por divindade, a personificação de Ahura Mazda no Japão Feudal, agente da Inquisição na Espanha de 1.400, traficante de escravos, rum e melaço, na Portugal de 1620 (ainda continuava a ser adorado como divindade no Japão nesta época). Bandeirante, coroinha, músico, ator, proxeneta, padre - soldado alemão durante a Primeira Guerra Mundial, jovem soldado inglês, durante a Segunda.

Não existe saliva, paredes de caverna, performances, metais, tinta, papiro ou celulose que seja suficiente para relatar, representar, desenhar, cunhar ou escrever os inúmeros feitos, oriundos das diversas existências simultâneas do recém-falecido Doutor Alberto (presidente Francês em 2061, conhecido pela coleção de gravatas espalhafatosas, soldado-raso da União das Forças Terrestres, durante a invasão alienígena de 2116, etc, etc...). A “saudade de sua esposa e filhos” não era compartilhada pela história, habituada a escutar suas inúmeras alcunhas, proferidas aqui e ali, e vê-lo sob os mais diversos avatares, a toda hora. Claro, podia ser presença costumeira, mas nunca era tratado com indiferença.

Se, por exemplo, levasse chibatadas na Túnis de 2.100 A.C, via-se um Imperador romano de 23 A.C saltar da cama assustado, com suor na face, no auge da madrugada. Decretos injustos e cruéis seriam proclamados aos brados pela manhã; conseqüências de uma noite mal dormida.

Se, como líder tribal na Polinésia de 5.600 A.C, estivesse copulando, via-se um escravo tunisiano acordar, e sair de sua tenda com a barraca armada. Ele era todos, e todos eram ele. Era todos e qualquer um, a todo momento.

No alvorecer do século XIX, como antropólogo, descobriu, sem saber, seu próprio crânio numa antiga ruína grega. A “peça”, até hoje viaja o mundo em exposições, e será vista por ele novamente, em 2061, desta vez, desempenhando o papel de presidente francês. Tirará fotos ao lado da própria cabeça, sem sequer desconfiar. Ele, tão auto-confiante, e, no entanto, enganando-se por milênios. A história? Rindo calada.

Caçoar da obesidade e da calvice do Doutor Alberto de 2011, é, respectivamente, caçoar daquele que será seu filho em 3.809, seu pai, em 4.332, e seu algoz, em 6.705. Ele é todos e qualquer um, a todo momento.

Este nada mais é, foi e será, que uma fusão de crítica, homenagem e pedido de desculpas, ao saudoso Doutor Alberto. Critico-o por sua falta de memória, e por algumas de suas existências execráveis (quando Imperador, um de seus decretos aniquilou vários amigos meus. Quando bugre, massacrou minha tribo, e, quando soldado alemão, fuzilou-me. Ah, e suas interpretações em minhas novelas eram péssimas, e nunca deram audiência). Agradeço-o pelas risadas às margens do Nilo, pelas bênçãos, por reconfortar-me. Desculpo-me por tê-lo chicoteado tanto, apunhalado-o na Grécia e exposto seu crânio em meu museu, blasfemado, quando duvidei de sua santidade na Terra do Sol Nascente, e abatido-o em alto mar. Inclusive, aconselho-o desde já a ter cautela quando avistar meu disco voador planando nos céus de 2116. Perdoarei seus excessos e suas crises de cólera durante minha adolescência em 3.100, pois tenho certeza de que me será um filho exemplar em 5.047.

No final das contas, não é nossa culpa, Doutor Alberto. Nada é nossa culpa. É a história, que nos rende inúmeras camadas sobrepostas de existência, sem nunca nos poupar do papel de palhaço...

Te vejo por aí - em qualquer lugar, e a todo momento.


Status – Warning: Unmotivated. Warning: Unmotivated – e escuta-se um alarme (just don’t ask me why). Ausente do blog por uns tempos. I still need a better job. Pay to write stuff; anything. I don’t care. Why can’t a fucking die at once?
Lendo – “ Winnetou – Parte 1” (Karl May).
Recomendado – Para encher lingüiça, a tribute to the REAL phenom:

http://www.youtube.com/watch?v=9RJC_Trf_NY

Escutando – Hoje, uma pequena compilação de power-metal:
Para minha total e absoluta surpresa, em 6 anos de blog, nunca postei nada do Running Wild, excelente banda alemã de power-metal, que encerrou suas atividades em 2005, após mais de vinte anos de carreira e alguns milhões de discos vendidos. Eis um clássico:

http://www.youtube.com/watch?v=zwnipCkNgDw

...e uma faixa de seu sensacional derradeiro trabalho:

http://www.youtube.com/watch?v=tGofiSb_gcg&feature=related

Mais power-metal? Esta, com seu refrão grudento, vem diretamente daquele que considero o melhor cd da segunda fase da banda. Aliás, Andy Derris (vocal) está bem gata neste clipe (rs):

http://www.youtube.com/watch?v=evrs_9tUmDE

Postei o clipe com a versão em alemão, meses atrás. Agora, o clipe com a versão em inglês:

http://www.youtube.com/watch?v=2FObb1xgC20

Se apresentaram em São Paulo, dias atrás. Eis um hino:

http://www.youtube.com/watch?v=p-x_uBB-KIE


PS – Tão linda (e baixinha) você, doutora Gabriela da Santa Casa (SP). Sim, li seu nome no crachá. Love at first sight. Tão lindo ver e ouvir você tratando de mendigos com os pés inchados de tanta cachaça (os mendigos, no caso. São os mendigos que possuem os pés inchados de tanta cachaça, não você). You’re a little angel. Hic!
PS – Poucos sabem, mas a polêmica declaração atribuída à cantora Sandy (“é possível ter prazer anal”), foi, na verdade, feita por seu irmão, Júnior. Convenhamos: faz muito mais sentido.
PS – Um slogan (by me): “Casos de família: gente bonita nunca foi tão interessante e civilizada”.
PS- A Blondie se oferece para os faixineiros do prédio. Bem rampeira.

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