segunda-feira, fevereiro 01, 2010

Ócios do ofício - Morte, milagres e conduta profissional (By Nizi Silveira)




Querida fada do estágio,

-Segue abaixo aquele que, talvez, seja a minha obra de arte; minha Monalisa, meu Davi, minha quinta-sinfonia, minha invasão à Polônia; ou seja, o hiato de minha carreira bloggueira.
Sim, acordei inspirado. Sentarei nesta cadeira de lan-house (de plástico, na verdade), tamborilarei os dedos por esta prancha cor de marfim, e farei com que esta obra prime pelo capricho e transborde de coerência, tudo isso visando unicamente apetecer à Vsa. Senhoria. Sim, um post ao-vivo, que será concluído no Paint Brush .
Por favor, leve esta súplica em consideração.

O mercado de trabalho tem lá suas incoerências; tem lá suas inúmeras incoerências. Venho da escola pública, sou um desempregado, cabeludo e metaleiro. Enquanto o presidente através de seus discursos vazios, sem sentido, de caráter comunista, ausentes de tudo o que se possa imaginar, sonha (e tenta) transformar o País num Brasil mais rústico, mais metalúrgico, eu, Nizi, sonho com um País mais metaleiro. Blame me or sue me, but, please, up your irons. Divagando ainda mais, gostaria de ver Lula batendo cabeça num show de heavy metal. Batendo com força, até fazê-la funcionar.
Não me ponha num terno; faça melhor: me empregue. Não, você não leu errado, e suponho que tampouco esteja bêbada, minha prezada, abstêmia e negligente fada.
Satisfação? Sucesso profissional? Não. O intangível não me fascina, não me desperta interesse, não me causa inveja, que, aliás, é pecado, né? Se a falta de ambição também for pecado, tô láxcado – abandonado à própria sorte e proferindo palavras com um sotaque carioca fajuto, como, aliás, acabo de fazer. Terrible.
Permaneço confinado, contido no invólucro do ócio, porém, de um ócio produtivo, ao menos para mim, e, consequentemente, para meu blog, recipiente destas linhas invisíveis. Abandonando momentaneamente a humildade (o que não é do meu feitio), digo, sem medo de errar: meu ócio é mais produtivo do que o emprego de muita gente.
Infelizmente, é um ócio produtivo mal-remunerado; pior: não-remunerado at all.
Yes, it´s all about the money – the lack of money.

Goddamn it! – esmurro a mesa e continuo...

Pessoas de terno? Palhaços em poliéster; produtos de seu meio, e, como todos os produtos, estão sujeitos à queima de estoque, quando irão para não mais voltar. Vazios; nada sabem e por nada se interessam. Pois é, fada; sad but true.
Não, não me ponha num terno; acho patético demais, ridículo demais, Lula demais.
Se meu traje de Bonaparte também é incompatível com o mercado de trabalho e a tal vida profissional do terceiro-mundo, digo que, tênis, cabelo esvoaçado e camiseta de banda bastam. É a liberdade; é a garantia de que alcançarei níveis inimagináveis de produtividade se/quando empregado.
Entendo, fada do estágio. A senhora mais uma vez cruza as asinhas e pergunta:

-Camiseta de banda? Tênis? Cabelo comprido? Numa empresa? Are you fucking high? Are you using crack, bitch?

Posso compreender a sua surpresa, fada. Posso até perdoar suas ofensivas especulações, emprestando-lhe meu cachimbo de madrepérola (hahaha).
Sua surpresa não é descabida, fada do estágio. Não, quê isso. Apenas não me chame nunca mais de ´´bitch´´, ok? Nunca mais. Se a senhora veio do Harlem, não é problema meu.

Peido e continuo...

Cabeludo de tênis com ´´Grave Digger´´ estampado no peito e percorrendo o hall de uma empresa? Nem Geysa, com seu esplendor (ou a falta dele) e sua micro-saia atrairiam tanta atenção; tenho plena certeza. Meu linchamento seria iminente, doloroso e inevitável. Luto oficial de três dias, se muito.
Very sad.
Em seguida, um velório modesto, ausente de lágrimas e carente de cafezinho. Minha querida Kátia chorando na borda do caixão (detalhe: borda sem recheio), alguns amigos agradecendo aos céus por não mais terem de devolver os cds que lhes emprestei, e prostitutas limpas e semi-virgens (ah, como eu sou ingênuo...) abandonando à todas as convenções (jura?) e exigindo tardiamente o pagamento por serviços prestados à mim, durante as décadas de 70 e 80. Detalhe: O pagamento deverá ser efetuado com juros e correção monetária.
Puta merda, fada. Fodeu.
De herança, deixarei apenas o meu sarcasmo, que deverá ser distribuído em doses homeopáticas, visando contemplar a todos aqueles que um dia o contemplaram (ou suportaram).

Conclusão:

Modifique isso, fada do estágio. Tente, ao menos. Não perca a esperança para comigo, e tampouco faça que o inverso aconteça. Prometo, ou melhor, juro, não revelar aos tablóides o conteúdo de nossa última conversa, onde a senhora, agressiva como é (e sempre foi), não fez questão nenhuma de esconder a opinião que possui sobre uma de suas colegas de trabalho, a Fada do dente, à quem chamou de, abre aspas, hippie, junkie e degenerada, fecha aspas. Lembro bem.
Permaneço, mais uma vez, à sua mercê; à espera de sua resposta; à espera de um milagre, just like Tom Hanks on that stupid movie with the big black guy.
Desde já agradeço, bitch. Admire os ócios de meu ofício:














Status- I´m ok. Passei o domingo inteiro escrevendo (overdose criativa). Devo ter ´´combustível´´ para este blog até 2020. Destaque para a crítica ao comediante Tiririca (presidente do Brasil em 2014), e para a homenagem que fiz à César Ciello (nadador), que faturou inúmeras medalhas nas olimpíadas de 2016. Ganhou de todo mundo; um absurdo. Eu não esperava. Juro.
Escutando- Não vou ao show, mas imagino a quantidade inacreditável de paga-paus que nele estará. Cover maravilhoso de um clássico de 1974, do Blue Oyster Cult: http://www.youtube.com/watch?v=kgqDtU8BXf0

1 Comments:

Blogger Nizi Silveira said...

Ah ta. Tendi.

5:18 PM  

Postar um comentário

<< Home