quarta-feira, junho 08, 2011

"Mar del Plata" - a nonsense chronicle (Created and written By Nizi Silveira)

Nota- Há um bom tempo não escrevo nada 100% non-sense neste blog, portanto, o fim deste regime se dará nas linhas porvir. Contudo, peço critério ao leitor, tendo em vista que o conteúdo abaixo contém uma vasta gama de impropérios e absurdos, que, por sua vez, muito provavelmente convergirão num vocabulário chulo pah porra.
Estúpido, vulgar, mas acima de tudo, um ótimo jeito de exorcizar os demônios.




Anualmente, o vasto e suntuoso salão de festas do condomínio Mar del Plata ambienta um dos mais prestigiados e comentados eventos de suas adjacências: a entrega do troféu “Velha filha da puta”, premiação dividida nas seguintes sub-categorias:

Categoria 1: “Cuida da porra da sua vida” (dedicado à mais inconveniente )
Categoria 2: “Não acredito que aquela vaca fez isso...” (dedicado à maldosa mais imprevisível e versátil)
Categoria 3: “Ouvi por aí...” (dedicado à melhor fofoqueira)
Categoria 4 (a mais importante e visada): “Velha filha da puta do ano”.

Dona Margareth, 78, a true hall of famer, vencedora em 1982, 87, 90, 96, 97, 02 e 06,estava eufórica, confiante e confortavelmente envolta em seu manto de favoritismo – e pudera. Em fevereiro deste ano, durante o carnaval, revolucionou sua já consagrada ‘filha da putice’ (ou “filha da putagem”, ou ainda “filhice daputal) ao proibir, de forma tão abrupta quanto veemente, a entrada de banhistas no condomínio, mesmo pelas entradas que outrora lhes eram destinadas. Sua regra era simples e clara:

Foi à praia? Não volte nunca mais.

Alguns condôminos, ultrajados, protestaram frente ao colosso de concreto, brandindo suas viseiras, expelindo catarro na escadaria, formando barricadas com cadeiras de praia, usando guarda-sóis, cocos e sabugos de milho verde como armas-brancas, untando as teclas do interfone com Sundown, Banana Boat e/ou Raquito de Sol, ofendendo um faxineiro que lhes era indiferente, lotando a caixa de entregas na parte inferior da guarita com pizzas que ninguém havia pedido, e cantando, em uníssono, antigos e melancólicos refrãos como “Vem, vamos à praia que esperar não é saber...”.

Outros, mais audaciosos, arriscavam a vida tentando voltar às suas moradas utilizando uma improvisada e arcaica técnica de rapel - atitude e altitude que culminaram por vitimar fatalmente o Frederico do 614, Doutor Diógenes e grã-esposa, Ermelinda, ambos do 33, e a filha do Zé Fernando, Paola, do 117, que há pouco ficara gostosinha. Ah, judiação. Uns peitinho da hora, mano.

Ao lado de Dona Margareth, observando a tudo e a todos com o olhar frio e calculista que lhe é característico, e a cabeça protegida por um antigo e esburacado quepe da Waffen SS, estava mais uma concorrente: Dona Abigail Eichmann, uma professora de Educação Artística da terceira-série, que, em dias de prova, abordava os alunos com complexas questões não-condizentes at all com sua disciplina. Fazia severas críticas à criação do Estado de Israel, e distribuía vasto panfletário anti-semita, todos com a imagem de Amon Von Goethe fazendo um austero ‘hang-loose’ frente aos portões de Majdanek, juntamente com versões ‘pocket’ de “Mein Kampf”, repletas de ilustrações feitas por Maurício de Sousa himself - algo que deixava todo e qualquer infante com cara de “what the fuck?”. Ah, e o próprio Mauricio de Sousa também, claro.

Reprovara milhares; muitas das crianças de Dona Abigail, com o passar dos anos, tornaram-se dependentes químicos, eleitores do PT, e mães-solteiras de raveiros, pagodeiros e/ou micareteiros, para, posteriormente, protagonizarem filmes mexicanos de zoofilia. Isto, por uma razão deveras simples: quem trepa com veados ou burros, não encontra dificuldade em trepar com cavalos.

Não muito longe de Abigail, com seu sorrisinho encantador cunhado na alva face repleta de sulcos, e o ludibriante olhar inocente (‘eye candy’, just like in porn), estava Dona Ruth, apelidada não-tão-carinhosamente de “Tommy Lee Jones de peruca grisalha”, por Seu Dorival da peixaria, que curiosamente desapareceu poucas horas após a pilhéria. Gratifica-se por informações acerca de seu paradeiro.

Now, Ruth orgulhava-se, gabava-se de sua “filha da putice de vanguarda”, que consistia basicamente em oferecer cream-crackers mofadas e café salgado ou sem açúcar às visitas, e presentear os netos com meias baratas e suéteres cafonas de gola apertada. Quando confrontada, tinha a senilidade como álibi, e, às vezes, complementava, proferindo cinicamente um “ah, eu não sabia...”.
Teu cu que não sabia. Escrota.

Na cadeira adjacente, estava a novata Neuza, que fora nomeada apenas pela fama de macumbeira, adquirida à duras penas - de galinha preta.



É feita uma homenagem póstuma à Dona Maria Joana, bi-campeã, morta à tiros pela polícia no começo do ano, durante uma tentativa de assalto à caixa de donativos da igreja. Projeção de slides e alguns acordes densos, dissonantes e lúgubres, executados com extrema perícia pela competente banda contratada para a solenidade. Artistas que, muito provavelmente, não receberão seu merecido soldo. Bom, foda-se. Not my fucking problem.

Pouco antes da entrega do mais cobiçado prêmio da noite, eu, o mestre-de-cerimônias (e de obras, ocasionalmente, mas por pura necessidade), garbosamente trajado, ao som de “Pomp and Circunstance”, dirijo-me altivamente ao púlpito fincado no centro do salão, e despejo uma vasta gama de agradecimentos, antes deste incrível e memorável discurso:

‘-Há quem diga que o importante é competir; pau no cu de quem disse isso (*risadas e aplausos gerais). Esta é uma noite de desavença e desrespeito. Eu olho para os lados e vejo a querida Margareth, velha escrota do caralho que me dá asco (*e Margareth pousa as mãos sobre o peito, emocionada; “Oh, darling...”). Graças a ela, tivemos, recentemente, o prazer de ver banhistas se estatelando na calçada, e voltando pro inferno (*gritam “Urrúl”). Aliás, lembro quando um daqueles banhistas atirou um côco verde na cabeça desta infeliz (*aponto para Margareth). O que se sucedeu, senhoras e senhores? Nada; absolutamente NADA. De fato, vaso ruim não quebra fácil (*escuto um ‘Graças à Deus’ como réplica).
Vejo Dona Abigail, cujos constantes esforços fizeram e fazem aumentar o contingente de cafetões, pagodeiros, piriguetes e petistas deste País. Ah, e com as piriguetes, aumentaram também o número de filminhos mexicanos, se é que vocês me entendem... (*mimetizo sexo oral, e imito o relincho de um cavalo, subtraindo risos gerais). Your efforts shall never be forgotten (*imitando o Gandalf e contemplado com ainda mais risos e aplausos).
No cantinho, temos Dona Ruth; a falsidade em pessoa. Recordo-me do primeiro café salgado que provei na casa desta filha duma puta; cuspi-lhe na cara, mandei-a tomar no cu, e a cortei com um estilete. Rimos a tarde inteira. Cê lembra, Dona Ruth?
(* lança-me um olhar nostálgico).

Bem, este ano temos uma estreante, senhoras e senhores! Dona Neuza, que, aliás, tem um rabão bem gostoso (*assovios libidinosos). Olha, se eu te encontro no elevador de madrugada, Dona Neuza, te arregaço a buceta! (*Assovios. Ouço Dona Neuza, a macumbeira sorridente e assanhada, dizer “Vai ter que cumprir, hein?”, enquanto aponta-me seu dedo indicador e balança-o para cima e para baixo, inquisitiva).
Sem mais usurpar do tempo dos indivíduos indistintos e ignóbeis que se amotinam neste salão nesta noite execrável, o troféu “Velha filha da puta 2011” vai para...
Dona Margareth!”

...alvoroço geral. Garrafas sendo arremessadas, e toda sorte de impropério sendo proferido incessantemente à plenos pulmões, tanto pelos concorrentes, quanto pelos convidados. Cenas que futuramente seriam descritas pelos mais doutos historiadores e antropólogos vicentinos como “um puta randevu do caralho, véio”, e que despertariam imenso interesse por parte dos cineastas brasileiros - aliás, como tudo que envolve violência e putaria. Por quase vinte anos, permaneceu como assunto mais comentado pelos freqüentadores do bar do Seu Juca.
Margareth, com braços e pernas dilacerados pelos cacos de vidro, o vestido floral exalando vômito pela emoção e urina pelo nervosismo (e pela incontinência as well), comemorou mais uma vitória. Abigail atacava Ruth gratuitamente com sua rígida bengala de madrepérola, enquanto este que vos fala, abaixava o zíper da braguilha e puxava Dona Neuza pelos cabelos, disposto a cumprir com uma promessa...
O preço do glamour. Ê rabão bão.



Status – OK! Still need a better job.Talvez me ausente do blog por tempo indeterminado, so start crying. Viva o frio, bitch!
Lendo – “Contos obscuros de Edgar Allan Poe” (homônimo).
Recomendado – O livro “Ortodoxia” (G.K Chesterton). Capaz de intensificar a cara de merda de qualquer agnóstico.

Recomendado – Para encher ainda mais esta lingüiça, um tributo a um herói que se aposentou no começo do ano, aos 48 anos:

http://www.youtube.com/watch?v=jy04JOgIjWE&feature=related

Escutando – Hoje... baladinhas!

Novo clipe, diretamente do cd recomendado no último post:

http://www.youtube.com/watch?v=g_u_q1dZpFY

More? Ok, fag:

http://www.youtube.com/watch?v=LeEX1-xcQ7I


A baladinha mais manjada de um de meus maiores ídolos, que se apresentou em São Paulo, na semana passada:

http://www.youtube.com/watch?v=-qU2nCgQGVo

... e mais uma, diretamente daquele que permanece como o melhor cd de 2011:

http://www.youtube.com/watch?v=qTB9MPzW5SI





PS – Nunca entendi esta distinção entre “balada” e “balada GLS”. Existem baladas que não sejam para viado? Ou estão tentando me convencer que rapazes fortes de cabelo espetado que vestem baby-look, não manjam de bosta nenhuma e escutam tuntz-tuntz são heteros?
PS – Mais um possível slogan para este blog (mesmo porque odeio slogans impossíveis): “A arte de criticar – a irrelevância nunca foi tão whatever”.
PS – Também não entendo patricinhas que saem para pegar baianinhos. Poupe tempo, minha filha! Faça o seguinte: À noite, escancare a porta da rua. Pode ter certeza que o primeiro a invadir sua casa será um baianinho. Daí, é só correr pro abraço (or something a little more intense than that). Ué, tô mentindo?
PS – Uma idéia revolucionária: álbum de figurinhas do Brasil Urgente.
PS - Outra idéia revolucionária: lâmpadas domésticas capazes de bronzear a pele.