Pouco tempo atrás, numa breve nota de rodapé, pedi, encarecidamente (or so you think), para que meus leitores em perspectiva (how sad is that?) me sugerissem assuntos, com o intuito de debatê-los aqui, através de minha característica forma ébria, dadaísta, idiossincrática, de ser, agir, pensar, criar carpas (what?) e escrever.
Pois bem...
Eis que uma alma-penada, um infeliz virtual com negrito fez-se pronunciar. Trata-se do leitor Anônimo Unknown da Silva, oriundo de Somewhere City, um leitor assíduo e trabalhador, que, devido a isso, na seção de comentários de meu post anterior, sugeriu para que eu discorresse acerca do execrável mercado de trabalho. Agradeço Anônimo pelas sugestões – and by the way: what a weird name for a person. You must have very cool parents. Well, let’s go.
“
O jogo já começou!” (Scotland Yard).
“Trabalho é algo tão idiota, que até
VOCÊ é capaz de fazer” – nunca subestimarei a sabedoria dos pára-choques de caminhão. Esta, que acabo de transcrever, é digna de um Dalai Lama. Not.
Para finalmente entrar neste tema que me foi proposto, preciso primeiramente ressaltar que acho a existência no planeta Terra tão patética quanto cansativa, e tudo aquilo idealizado com o único intuito de tornar as coisas ainda mais complicadas, com parâmetros, protocolos e toda sorte de “frescurite”, obviamente intensifica o meu desprazer.
Comprar um carro zero-quilômetro, roupas de grife, financiar uma casa, freqüentar bons restaurantes; para muitos, um sinal de status, glamour. Para mim, apenas o justo, o merecido, por ter vendido e dedicado seu tempo (a coisa mais preciosa que se tem, indubitavelmente) à metas inúteis, elaboradas pelas cabeças vazias de indivíduos pretensiosos e empertigados.
Não suficiente, trabalhadores são demasiadamente servis para criar, ou revolucionar qualquer coisa. As maiores descobertas de nossa história vieram de corpos ociosos e desleixados: originaram-se da “vontade de fazer algo”, e não da obrigação de fazê-lo.
Faço um paralelo com a extinta (
felizmente?) série “Lost”. Tínhamos Jack, o prático, e Locke, o teórico. Para Jack, não existiam segredos ou mistérios a serem desvendados. Não fosse por Locke, “Lost” estaria agora na décima temporada, e tudo o que veríamos seria Jack caçando porcos selvagens, coletando água e sendo tratado como merda. Tudo o que veríamos seria trabalho.
(bem, independente disso, convenhamos que o final de “Lost” foi uma bosta).
Portanto...
Para este que vos escreve, o trabalho não existe para satisfazer as necessidades coletivas, mas para “remediar” a falta de consciência coletiva, pois, no final das contas, o pilar de nossa sociedade sempre foi o “cada um por si”. O trabalho existe para responder às perguntas que não fiz; para satisfazer às expectativas que não possuo.
Capítulo 2: Brasil – Frustrated Incorporated.
Rir ou chorar – opções a mim concedidas pelo mercado de trabalho brasileiro. Tal dilema é justificável, tamanha a quantidade de exigências descabidas com as quais me deparo nos classificados. A incoerência se torna ainda maior, se você é daqueles poucos que possuem consciência o suficiente para constatar que vive num país de terceiro-mundo, onde metalúrgicos analfabetos têm a chance de presidir a república. Ou seja: são mais seletivos na hora de escolher um coveiro, que, à exemplo de um presidente analfabeto, também nos arrastará pro buraco.
Exigem experiência – algo relativo. Débeis mentais com anos de serviço, não fizeram nada além de cagadas prolongadas. Já o perfil de profissional requerido pelo mercado de trabalho, é o do psicopata corporativo: alguém frio e movido a ambições frugais, disposto à sacrificar-se pelo bem de uma mera e insignificante filial brasileira (suscetível à total ruína pela menor conturbação na economia internacional), que sequer vê problema em ter sua vida (ou aquilo que classifica como tal) esmiuçada, sua privacidade virtual invadida, e que tampouco poderá vestir-se de um jeito que lhe apeteça – tudo em prol de uma idéia superficial de unidade.
Sim, de fato um psicopata; um escravo de sua própria loucura.
Capítulo 3 – Expectativas e ironias.
Jovens e o mercado de trabalho – mandando o Tiririca para o Iraque (
aliás, fica a ótima sugestão) veremos cenas semelhantes. O jovem brasileiro possui obstinação e ousadia em demasia, mas carece de rebeldia. Claro, quando digo “rebeldia”, quero dizer dificuldade em pensar diferente, ou simplesmente em expressar-se, o que, invariavelmente, o torna o mais manipulável dos seres. São também muito engraçados: quem nunca se deparou com um indivíduo de vinte e poucos anos discorrendo sobre as tendências do mercado, como se soubesse do assunto, e como se na sexta-feira ele não fosse simplesmente espetar o cabelo com pomada, vestir-se de Sérgio Malandro, e fazer “hang-loose” frente à uma câmera de celular?
(ou seja: durante a semana ele é apenas chato. Aos finais de semana, é chato e idiota).
Epílogo:
Quer destituir o ser humano de sua essência? Ofereça-o trabalho. Torne-o frio, irracional; “automático”. Destituindo-o da vida, só lhe resta a sobrevivência - só lhe resta trabalho.
Para este que vos escreve, o único trabalho digno de menção, é o trabalho mental – desde que espontâneo, claro. De resto, temos apenas metas cretinas, que, infelizmente, são tratadas com imensa seriedade.
“
Arbeit macht frei”? I don’t think so
Status – Unmotivated. Still need a better job.
Lendo – “
Memórias póstumas de Brás Cubas” (
Machado de Assis). Na reta final.
“
Admirável mundo novo” (
Aldous Huxley) – no comecinho.
Escutando – Let’s randomize things again, shall we?
Adoro estes caras, mas não suporto esta música (a mais famosa deles, indiscutivelmente). Se a postarei hoje, é para que a seção “
Recomendado” à seguir faça sentido ao leitor. Wait and see. I mean, hear:
http://www.youtube.com/watch?v=9jK-NcRmVcw
Novo clipe, novo single com o novo vocalista (o sucessor do sensacional Steve Lee, morto num acidente automobilístico em 2010, para quem esta música é dedicada). Recomendo às minhas irmãs (they love this band):
http://www.youtube.com/watch?v=7hyE1QaGu8w
Minha música favorita daquele que permanece com o troféu de prata de melhor Cd de 2011 (recomendado aqui, meses atrás):
http://www.youtube.com/watch?v=h-nzlcS76E4
Concluindo, uma baladinha (tão manjada quanto relaxante):
http://www.youtube.com/watch?v=jhat-xUQ6dw&ob=av2e
Recomendado – Escutou a insuportável música previamente mencionada? Bem, não existe nada tão ruim que não possa piorar. Mijei de rir:
http://www.youtube.com/watch?v=XAg5KjnAhuU&feature=youtu.be
Recomendado – A trilogia “
Winnetou” (de Karl May, o escritor favorito de Adolf Hitler). Apesar de final um final extremamente chocho, os livros abordam diversos elementos das culturas indígenas e traça um panorama extremamente interessante do velho oeste americano.
Recomendado – Mais um episódio sensacional da série de documentários “Alienígenas do Passado” (dublado):
http://www.youtube.com/watch?v=_1GWIaYWdKo
PS – 2012 news: Semana passada, a NASA emitiu um comunicado dizendo que inversões polares são fatos científicos reais. Porém, de acordo com seus cientistas, a última ocorreu há 800.000 anos (“bullshit” – digo eu), e é improvável que a próxima ocorra em 2012.
PS – 2012 news: Enquanto isso, (acredite se quiser), o ator Tom Cruise está construindo um abrigo subterrâneo em sua mansão, no valor de dez milhões de dólares. Bom, por este preço, seria mais vantajoso soterrar o palácio de Versalhes.