Baile de máscaras: O relato de uma decepção (By Nizi Silveira).
Os (poucos) que sabiam o que queriam, os que não tinham tanta certeza, e aqueles que poderiam estar matando, poderiam estar estuprando, mas que, desta vez (e para noooossa alegriááá) apenas atentaram contra o patrimônio público e privado, para manter a “brasilidade” (*entenda-se: o primitivismo) aguçada e atualizada. Eis os três segmentos, os três tipos de indivíduos vistos nas recentes, pujantes, histéricas e históricas manifestações populares ocorridas nos quatro cantos do Brasil.
Contudo, enquanto alguns atribuíam os problemas do País às lixeiras, às vidraças, aos muros e às simpáticas bancas de jornal, tamanha a violência que lhes foi dispensada, a “maioria pacífica” cometia seu costumeiro e execrável vandalismo moral – originando um autêntico freak-show, apenas percebido por alguns poucos jornalistas argutos. E por mim.
O jovem maconheiro classe-média dizia-se cansado da violência – da violência que patrocina a cada novo “baseado” adquirido.
A jovem princesinha rogava por melhor educação – mas era difícil imaginá-la longe do “gramúr” do “pancadão”, ou das micaretas e raves, eventos que praticamente exalam inteligência e promovem o bom-senso. Fácil, é imaginá-la engravidando precocemente de qualquer um, e exigindo melhores creches. Contagem regressiva...
O menos abastado exigia cultura (entenda-se: roda de pagode + futebol + cerveja). Já os inúmeros cartazes onde li “Mais amor, por favor”, na certa, eram brandidos por sujeitos que apenas queriam sexo sem compromisso... E beijar muuuuuito.
Uma horda que demonstrava imenso repúdio à determinada emissora de TV dissipou-se rapidamente, para não perder a novela e o jogão.
Enfim, faltou muito pouco para que víssemos Latino, Michel Teló e Gustavo Lima unidos, exigindo (em uníssono) mais qualidade à música brasileira, Mulher-melancia exasperando-se contra o déficit de encefálica das mulheres-objeto, nossos pais protestando contra a omissão e a inércia, Lula protestando contra a inversão de valores (a mesma que transforma meros metalúrgicos analfabetos em presidentes), coalas insurgindo-se contra os bichos-preguiça, as paredes protestando contra os tijolos e o cimento, as árvores manifestarem-se contra a madeira, o pau contra o saco, e o cu contra a bunda. Conjunto de cenas possíveis, dada a conjuntura, que deixariam “Zorra Total” ainda mais sem-graça, e os comentários de Ronaldo, O anômalo, digo, O “fenômeno”, ainda mais incoerentes.
Para minha profunda decepção, o que vi foi um grande baile de máscaras. Os mascarados do cotidiano enfurecidos contra os mascarados que elegeram democraticamente, sem qualquer zelo ou critério mensurável. E não poderia concluir sem citar as emissoras televisivas que tiveram suas unidades móveis de transmissão incendiadas, pois estamos falando de manifestações planejadas via redes-sociais, tão valiosas à democracia quanto emissoras de TV.
Uma minoria audaz e racional logrou êxito em seu protesto contra o aumento das tarifas viárias e faz-se digna de aplausos e ovações. Já a “maioria pacífica” e o “bonde dos cabeças-chatas” constrangeram-me com a sua previsibilidade, sua mesmice. Rasguei meu cartaz com a estampa “Mais leitura, por favor” - e não mais protestarei contra erros ao lado das pessoas erradas.
Embora o mundo atual não careça de informação, carece de cultura. Só a cultura trará o debate à informação obtida, e combaterá os problemas de forma eficaz, através da apresentação de novas idéias e sugestões, afinal, convenhamos: qualquer um consegue exigir, berrar ou vandalizar.
Não basta sentir os abusos perpetrados apenas na pele ou no bolso. É preciso senti-los na cabeça – e com a cabeça. Em outras palavras, se tais abusos (perpetrados pela minoria gerente) são graves e freqüentes, é porque somos duzentos milhões de idiotas muito bem informados. E que a falta de humildade da massa (que anseia por grandes mudanças, mas que, infelizmente, jamais mudará seu jeito de ser) traduza-se como esta execrável idiotice, este imperdoável primitivismo que a caracteriza. E caracterizará.
Status – Ok. Trabalhos publicitários fucking me hard. Saudades do Pimpa e Pimpa Jr. Ausente por uns tempos.
Relendo – “Salambô” (Gustavo Flaubert).
Recomendado – Funny stuff!
http://www.youtube.com/watch?annotation_id=annotation_551274&feature=iv&src_vid=C8TSvkYgUO8&v=RJN8gwV-q-I
Recomendado – Encheção de linguiça: Mencionei, recentemente, minha fascinação pela Segunda Guerra Mundial; fascínio que se estende a determinadas franquias de simuladores/jogos eletrônicos. Abaixo, cenas de um de meus favoritos; extremamente realista e imperdível (for Xbox 360):
https://www.youtube.com/watch?v=6hBX4ngp4QE
Escutando – Mixing things up (again):
Novo clipe, novo single. Mais um concorrente a Melhor CD de 2013:
http://www.youtube.com/watch?v=_sMIQToKF8I
Não lembro se esta já foi postada aqui, então...
http://www.youtube.com/watch?v=qZb_HkNBo-w
Nunca postei nada da fase obscura da maior banda de heavy mental do mundo. Portanto... (*letra inspirada
na obra homônima de William Golding, já recomendada aqui):
http://www.youtube.com/watch?v=iS7qykdXX8Q
Maybe the biggest classic from the King of Texas (na guitarra base, "Bolinha" do Pânico, daqui há 20 anos. Reparem):
http://www.youtube.com/watch?v=Zh0iDVsmLqw
...e concluindo, uma baladinha (bem brega):
http://www.youtube.com/watch?v=hHG1S-I2xao
PS – Não sei se vândalos gostam de jazz, mas uma coisa é certa: eles adoram praticar sax (By N.S).
PS – É sempre assim: toda vez em que ameaço ter um pingo de admiração por Dilma, ela estraga tudo. Durante os protestos, não tardou em ligar para o “Super Zero”:
Dilma: “Estamos enfrentando protestos em várias capitais do País! Ajude-me, Super Zero!”
...e lá veio Lula, o “Super Zero”, com preciosos conselhos administrativos, destes que só um metalúrgico cachaceiro e analfabeto consegue dar (By N.S).
PS – Imagine Lula escrevendo “Google” (By N.S).
PS – Fato (e em bom português): olhar bundas nunca garantiu foda a ninguém (By N.S).